quarta-feira, 30 de julho de 2014

Ao Vento


Ao Vento

O vento passa a rir, torna a passar,
 Em gargalhadas ásperas de demente;
 E esta minh’alma trágica e doente
 Não sabe se há de rir, se há de chorar!

Vento de voz tristonha, voz plangente,
 Vento que ris de mim sempre a troçar,
 Vento que ris do mundo e do amor,
 A tua voz tortura toda a gente!...
Vale-te mais chorar, meu pobre amigo!
 Desabafa essa dor a sós comigo,
 E não rias assim!... O vento, chora!
Que eu bem conheço, amigo, esse fadário
 Do nosso peito ser como um Calvário,
 e a gente andar a rir p’la vida fora!!...

Florbela Espanca

Sem comentários:

Enviar um comentário