sexta-feira, 13 de março de 2015

As mãos calejadas

As mãos calejadas
*
Hamilton Ramos Afonso.
*
As tuas mãos calejadas,...
pela muita labuta
que por elas passaram,
tinham a vida preenchida
pelas carícias
que davam aos teus,
mesmo que agarradas
ao cabo de uma enxada,
ou ao punho de um arado,
porque era para eles
que amanhavas a terra,
num acto de amor puro,
acariciando-a com delicadeza,
e penetrando-a no seu interior ,
onde depositavas as sementes
que iriam dar fruto.

Eram as mesmas mãos
que usavas para afagar o rosto e
carinhosamente nos despenteares,
primeiro os teus filhos,
depois os teus netos
Presumo que foram
as mesmas mãos
que usaste para acariciar
a tua companheira,
predispondo-a para te receber
e nela depositares a semente
que frutificava numa nova vida,
que as tuas mãos embalaram,
acarinharam e acompanharam,
sempre indicando o rumo certo,
o caminho da rectidão.
Essas mãos
ensinaram-me tanta coisa,
meu avô.
Hoje que também sou avô,
tento seguir-te o exemplo
e utilizar as minhas
para acarinharem os meus netos,
como as tuas me acarinharam.
Lembrei-me de ti avô...
Sabes bem, onde te encontrares,
que sinto muitas saudades de ti,
e a melhor forma de as mitigar,
é imitar-te no amor e carinho
com que sempre nos trataste a nós
que somos teus afortunados netos...

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