
sexta-feira, 29 de agosto de 2014
Não estou pensando em nada
Não estou pensando em nada
E essa coisa central, que é coisa nenhuma,
É-me agradável como o ar da noite,
Fresco em contraste com o Verão quente do dia.
Não estou pensando em nada, e que bom!...
Pensar em nada
É ter a alma própria e inteira.
Pensar em nada
É viver intimamente
O fluxo e o refluxo da vida...
Não estou pensando em nada.
É como se me tivesse encostado mal.
Uma dor nas costas, ou num lado das costas.
Há um amargo de boca na minha alma:
É que, no fim de contas,
Não estou pensando em nada,
Mas realmente em nada,
Em nada...
Álvaro de Campos
E essa coisa central, que é coisa nenhuma,
É-me agradável como o ar da noite,
Fresco em contraste com o Verão quente do dia.
Não estou pensando em nada, e que bom!...
Pensar em nada
É ter a alma própria e inteira.
Pensar em nada
É viver intimamente
O fluxo e o refluxo da vida...
Não estou pensando em nada.
É como se me tivesse encostado mal.
Uma dor nas costas, ou num lado das costas.
Há um amargo de boca na minha alma:
É que, no fim de contas,
Não estou pensando em nada,
Mas realmente em nada,
Em nada...
Álvaro de Campos
Depus a Máscara
Depus a Máscara
Depus a máscara e vi-me ao espelho. —
Era a criança de há quantos anos.
Não tinha mudado nada... ...
É essa a vantagem de saber tirar a máscara.
É-se sempre a criança,
O passado que foi
A criança.
Depus a máscara, e tornei a pô-la.
Assim é melhor,
Assim sem a máscara.
E volto à personalidade como a um términus de linha.
Depus a máscara e vi-me ao espelho. —
Era a criança de há quantos anos.
Não tinha mudado nada... ...
É essa a vantagem de saber tirar a máscara.
É-se sempre a criança,
O passado que foi
A criança.
Depus a máscara, e tornei a pô-la.
Assim é melhor,
Assim sem a máscara.
E volto à personalidade como a um términus de linha.
Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa
11.08.1934

Heterónimo de Fernando Pessoa
11.08.1934

Sentimentos
Florbela Espanca
“Sou uma Céptica que crê em Tudo...
Uma Desiludida cheia de Ilusões…
...
“Sou uma Céptica que crê em Tudo...
Uma Desiludida cheia de Ilusões…
...
Uma Revoltada que Aceita, Sorridente, todo o Mal da Vida...
Uma Indiferente a Transbordar de Ternura…”

Uma Indiferente a Transbordar de Ternura…”

quinta-feira, 28 de agosto de 2014
terça-feira, 26 de agosto de 2014
segunda-feira, 25 de agosto de 2014
quinta-feira, 21 de agosto de 2014
Um Mundo num grão de Areia
Um Mundo num grão de Areia
"Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo..."
"O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos, ...
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio."
"Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo..."
"O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos, ...
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio."
Alberto Caeiro


O Eu Profundo
O Eu Profundo
"Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens."
Fernando Pessoa

"Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens."
Fernando Pessoa

EU NÃO SOU DE NINGUÉM..
EU NÃO SOU DE NINGUÉM..
E não sou de ninguém!... Quem me quiser
Há-de ser luz do Sol em tardes quentes;
Nos olhos de água clara há-de trazer
As fúlgidas pupilas das videntes!
Há-de ser seiva no botão repleto
Voz no murmúrio do pequeno insecto,
Vento que enfuna as velas sobre os mastros!...
Há-de ser Outro e Outro num momento!
Força viva, brutal, em movimento,
Astro arrastando catadupas de astros!
Reliquiae - 1934
In “Sonetos de Florbela Espanca ”
Colecção Autores Portugueses de Ontem
Edição da Livraria Estante – Junho.1988
Florbela Espanca
Há-de ser luz do Sol em tardes quentes;
Nos olhos de água clara há-de trazer
As fúlgidas pupilas das videntes!
Há-de ser seiva no botão repleto
Voz no murmúrio do pequeno insecto,
Vento que enfuna as velas sobre os mastros!...
Há-de ser Outro e Outro num momento!
Força viva, brutal, em movimento,
Astro arrastando catadupas de astros!
Reliquiae - 1934
In “Sonetos de Florbela Espanca ”
Colecção Autores Portugueses de Ontem
Edição da Livraria Estante – Junho.1988
Florbela Espanca
quarta-feira, 20 de agosto de 2014
terça-feira, 19 de agosto de 2014
segunda-feira, 18 de agosto de 2014
sábado, 16 de agosto de 2014
sexta-feira, 15 de agosto de 2014
Ponte de Sonhos
Ponte de Sonhos
Saudades! Sim ... talvez ... e porque não? ...
Se o sonho foi tão alto e forte
Que pensava vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!
...
Saudades! Sim ... talvez ... e porque não? ...
Se o sonho foi tão alto e forte
Que pensava vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!
...
Esquecer! Para quê ... Ah, como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como o pão.
Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar
Mais decididamente me lembrar de ti!
E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais saudade andasse presa a mim!
____ Florbela Espanca, em "Saudades"
em "Livro de Sóror Saudade"
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como o pão.
Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar
Mais decididamente me lembrar de ti!
E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais saudade andasse presa a mim!
____ Florbela Espanca, em "Saudades"
em "Livro de Sóror Saudade"
A NOSSA CASA
««« A NOSSA CASA »»»
A nossa casa, amor, a nossa casa!
Onde está ela, amor, que não a vejo?
Na minha doida fantasia em brasa...
Constrói-a, num instante, o meu desejo!
A nossa casa, amor, a nossa casa!
Onde está ela, amor, que não a vejo?
Na minha doida fantasia em brasa...
Constrói-a, num instante, o meu desejo!
Onde está ela, amor, a nossa casa,
O bem que neste mundo mais invejo?
O brando ninho aonde o nosso beijo
Será mais puro e doce que uma asa?
Sonho... que eu e tu, dois pobrezinhos,
Andamos de mãos dadas, nos caminhos,
Duma terra de rosas, num jardim,
Num país de ilusão que nunca vi...!
E que eu moro - tão bom! - dentro de ti
E tu, ó meu amor, dentro de mim...
(Florbela Espanca)
O bem que neste mundo mais invejo?
O brando ninho aonde o nosso beijo
Será mais puro e doce que uma asa?
Sonho... que eu e tu, dois pobrezinhos,
Andamos de mãos dadas, nos caminhos,
Duma terra de rosas, num jardim,
Num país de ilusão que nunca vi...!
E que eu moro - tão bom! - dentro de ti
E tu, ó meu amor, dentro de mim...
(Florbela Espanca)
Sentimentos
Aquilo que está escrito no coração não necessita de agendas
porque a gente não esquece. O que a memória ama fica eterno.
______________Rubem Alves
porque a gente não esquece. O que a memória ama fica eterno.
______________Rubem Alves
O próprio viver é morrer
O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela"
«Estamos dormindo, e esta vida é um sonho.»
"Somos morte. Isto, que consideramos vida, é o so...no da vida real, a morte do que verdadeiramente somos. Os mortos nascem, não morrem. Estão trocados, para nós, os mundos. Quando julgamos que vivemos, estamos mortos; vamos viver quando estamos moribundos.
Aquela relação que há entre o sono e a vida é a mesma que há entre o que chamamos vida e o que chamamos morte. Estamos dormindo, e esta vida é um sonho, não num sentido metafórico ou poético, num sentido verdadeiro.
Tudo aquilo que em nossas actividades consideramos superior, tudo isso participa da morte, tudo isso é morte. Que é o ideal senão a confissão de que a vida não serve? Que é a arte senão a negação da vida? Uma estátua é um corpo morto, talhado para fixar a morte, em matéria de incorrupção. O mesmo prazer, que tanto parece uma imersão na vida, é antes uma imersão em nós mesmos, uma destruição das relações entre nós e a vida, uma sombra agitada da morte.
O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela.
Povoamos sonhos, somos sombras errando através de florestas impossíveis, em que as árvores são casas, costumes, ideias, ideais e filosofias.
Nunca encontrar Deus, nunca saber, sequer, se Deus existe! Passar de mundo para mundo, de encarnação para encarnação, sempre na ilusão que acarinha, sempre no erro que afaga.
A verdade nunca, a paragem [?] nunca! A união com Deus nunca! Nunca inteiramente em paz mas sempre um pouco dela, sempre o desejo dela!"
Bernardo Soares, heterônimo de Fernando Pessoa
«Estamos dormindo, e esta vida é um sonho.»
"Somos morte. Isto, que consideramos vida, é o so...no da vida real, a morte do que verdadeiramente somos. Os mortos nascem, não morrem. Estão trocados, para nós, os mundos. Quando julgamos que vivemos, estamos mortos; vamos viver quando estamos moribundos.
Aquela relação que há entre o sono e a vida é a mesma que há entre o que chamamos vida e o que chamamos morte. Estamos dormindo, e esta vida é um sonho, não num sentido metafórico ou poético, num sentido verdadeiro.
Tudo aquilo que em nossas actividades consideramos superior, tudo isso participa da morte, tudo isso é morte. Que é o ideal senão a confissão de que a vida não serve? Que é a arte senão a negação da vida? Uma estátua é um corpo morto, talhado para fixar a morte, em matéria de incorrupção. O mesmo prazer, que tanto parece uma imersão na vida, é antes uma imersão em nós mesmos, uma destruição das relações entre nós e a vida, uma sombra agitada da morte.
O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela.
Povoamos sonhos, somos sombras errando através de florestas impossíveis, em que as árvores são casas, costumes, ideias, ideais e filosofias.
Nunca encontrar Deus, nunca saber, sequer, se Deus existe! Passar de mundo para mundo, de encarnação para encarnação, sempre na ilusão que acarinha, sempre no erro que afaga.
A verdade nunca, a paragem [?] nunca! A união com Deus nunca! Nunca inteiramente em paz mas sempre um pouco dela, sempre o desejo dela!"
Bernardo Soares, heterônimo de Fernando Pessoa
quinta-feira, 14 de agosto de 2014
quarta-feira, 13 de agosto de 2014
segunda-feira, 11 de agosto de 2014
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
quinta-feira, 7 de agosto de 2014
quarta-feira, 6 de agosto de 2014
segunda-feira, 4 de agosto de 2014
sexta-feira, 1 de agosto de 2014
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