quinta-feira, 21 de agosto de 2014

EU NÃO SOU DE NINGUÉM..

EU NÃO SOU DE NINGUÉM..
 

E não sou de ninguém!... Quem me quiser
Há-de ser luz do Sol em tardes quentes;
Nos olhos de água clara há-de trazer
As fúlgidas pupilas das videntes!
Há-de ser seiva no botão repleto
Voz no murmúrio do pequeno insecto,
Vento que enfuna as velas sobre os mastros!...
Há-de ser Outro e Outro num momento!
Força viva, brutal, em movimento,
Astro arrastando catadupas de astros!

Reliquiae - 1934
In “Sonetos de Florbela Espanca ”
Colecção Autores Portugueses de Ontem
Edição da Livraria Estante – Junho.1988
Florbela Espanca

Sem comentários:

Enviar um comentário