sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Ponte de Sonhos

Ponte de Sonhos

Saudades! Sim ... talvez ... e porque não? ...
Se o sonho foi tão alto e forte
Que pensava vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!
...
Esquecer! Para quê ... Ah, como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como o pão.
Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar
Mais decididamente me lembrar de ti!
E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais saudade andasse presa a mim!

____ Florbela Espanca, em "Saudades"
em "Livro de Sóror Saudade"

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